7.8.09

Diário de Produção

“Alucinada” é um curta de suspense, de baixíssimo orçamento. Seu projeto foi desenvolvido com o apoio do curso de Cinema Digital da Universidade Metodista de São Paulo, amigos e familiares.

Sinopse

Ao sair da aparente tranqüilidade do seu lar, uma jovem é perseguida por alguém. Não se sabe quem é, nem se existe um motivo para isso. Ela tenta escapar num ritmo frenético, mas terá que enfrentar seus maiores medos para descobrir a verdade.

Projeto

O início

Em meados de 2007, Pierre Cortes, escreveu um rascunho com a primeira proposta. O projeto foi pensado para o formato “minutão” e iria ser colocado no Festival do Minuto. A proposta foi arquivada, pois na época boa parte da equipe que faria o curta estava envolvida em outros projetos.

Em 2008, Pierre Cortes e Rafael Ruzene se reuniram e estudaram a possibilidade de tornar “Alucinada” um projeto concreto. A partir daí foram feitas reuniões com definições de datas e etapas a cumprir. O projeto passou pelas fases de roteirização, escolha de locação e elenco, ensaios, pré-light, direção de arte, até finalmente chegar à produção.

Idéias novas

Ao discutir sobre o roteiro, vimos que essa história poderia ter muitos outros elementos e ser muito mais densa do que inicialmente pensamos. Na idéia original, a personagem via algo ou alguém no corredor e iniciava a fuga. O espectador não via quem era esta pessoa. Sentimos a necessidade de colocar mais um ator nesta cena, propiciando assim com que o espectador também tivesse acesso ao perseguidor da personagem.

Uma outra modificação que realizamos foi quanto à perseguição na rua. O original apenas mostrava o carro perseguindo a jovem. Adaptamos e colocamos o ator descendo do carro para correr atrás da personagem. Isso trouxe maior impacto e suspense à narrativa. Optamos por não mostrar o rosto do ator, mas somente seus pés.

Inicialmente tivemos a idéia de gravar a perseguição em uma rua ou avenida do centro da cidade de São Paulo. Como tivemos dificuldades com esta locação, decidimos transferir a gravação para uma vila particular e a mudança foi bastante benéfica e funcional para o curta.

Referências

De forma geral nos baseamos nas narrativas de suspense para dar o clima ao filme, utilizando mais especificamente a obra “O Iluminado” de Stanley Kubrick como referência principal.

A cena do corredor do prédio foi bastante inspirada no corredor do hotel do filme de Kubrick. O objetivo era criar uma atmosfera de suspense, mistério e medo. Usamos lente grande angular em diversos takes nesse corredor.


Escolha do Elenco

Conhecíamos o trabalho da atriz Fernanda Sanches no curta “Cansada de ser fria”, também produzido pela Universidade Metodista. Fernanda foi a primeira e bem acertada opção que fizemos.


Fabio Menezes, o “perseguidor”, foi também de grande ajuda. Nunca havíamos trabalhado juntos. Disponibilizou-se totalmente e fez exatamente a expressão que esperávamos do personagem.


Para a cena da perseguição do carro, como não foi possível a participação do próprio Fabio, contamos com o ator Marcelo Hessel.


Busca de Locação

A princípio imaginamos rodar tudo em algum apartamento no centro da cidade de São Paulo, pois pretendíamos fazer as externas de perseguição na mesma região. Fizemos uma pesquisa de locação. Fomos, por exemplo, até o Edifício Copan para checar se era possível alugar um espaço para filmagem. Não obtivemos sucesso.

Foi então que surgiu a idéia de procurarmos Antero Galo, um amigo que mora em um apartamento no centro da cidade.

O apartamento mostrou-se perfeito para o projeto, especialmente por ter um corredor comprido que dava todo o clima que estávamos tentando criar no curta. O Antero concordou de antemão e assim já tínhamos a primeira locação.



A segunda locação seria uma rua ou avenida bastante ampla. A Avenida Ipiranga, a Igreja São Bento e imediações nos surgiram imediatamente como opção. Aí nos deparamos com um problema: a segurança com os equipamentos. Como o curta era de baixíssimo orçamento, isso iria certamente trazer implicações financeiras.

Foi então que lembramos de Mario Arrebola, um amigo que mora em uma vila fechada no bairro do Belém. Ligamos para ele, explicamos o projeto e marcamos uma data para conhecermos a locação. Foi um verdadeiro tesouro em nossas mãos. O local era perfeito e havia segurança para a equipe e equipamentos. Alem disso, Mario deu total apoio ao projeto, cedendo sua casa e verificando a autorização para a filmagem. Desta forma já tínhamos as duas locações que faziam parte do curta.

A Vila Maria Zélia


A Vila Maria Zélia é a primeira vila operária do Brasil. Localizada no bairro do Belenzinho, foi construída em 1917 e atualmente é constituída por aproximadamente 200 casas com mais de 600 habitantes.

Ao conversarmos com Maria Arrebola sobre a possibilidade de fazermos o curta na Vila, não imaginávamos sua importância histórica nem que havia sido palco de muitas outras filmagens. Foi nesta Vila que Mazzaropi filmou "O Corinthiano", em 1967.

Tivemos a grande e simpática ajuda do Seu Dedé, uma espécie de anfitrião e morador da Vila. Ele nos deu todo o apoio. No dia da filmagem cedeu a energia elétrica de sua casa e ajudou na comunicação com os outros moradores.

Ensaio


A partir do roteiro totalmente concluído e da escolha da locação, iniciamos o processo de ensaio. Marcamos o primeiro ensaio com a Fernanda Sanches em um domingo pela manhã. Estava um dia feio, chuvoso e nos encontramos no centro da cidade de São Paulo. Explicamos a ela toda a proposta e fizemos um ensaio durante algumas horas no apartamento do Antero. Este ensaio foi fotografado e filmado.


Com as fotos conseguimos criar um fotoboard, que nos auxiliou muito no processo de filmagem, pois já sabíamos exatamente como deveriam ser as cenas. Percebemos também que este processo facilitou a performance da Fernanda no dia da gravação. Era como se estivéssemos fazendo uma regravação das cenas.

Na Vila Maria Zélia, o processo foi praticamente semelhante. Como não foi possível a atriz ensaiar na data em que lá estivemos, nós escolhemos todo o trajeto que a personagem faria e já fomos fotografando tudo, marcando posicionamentos e criando uma sistemática simples para o dia da gravação.

Com o Fábio não houve ensaio, pois sua cena era muito rápida, embora de grande importância. Fizemos algumas marcações no dia da gravação, realizamos alguns testes e logo depois demos início à filmagem.